terça-feira, 19 de novembro de 2013

Exercícios em ambientes especiais - Calor

O número de pessoas que está se submetendo as exigências fisiológicas em condições extremas, seja de exercício ou ambientais, está aumentando a cada ano.
Para nós , que apenas sonhamos com tais aventuras, a necessidade de escapar do limite e conforto da vida familiar pode também nos expor a alterações de temperatura, altitude moderada e talvez a forças gravitacionais alteradas durante um vôo ou andando nas montanhas-russas modernas que parecem desafiar a gravidade. O desempenho físico em várias condições extremas dificulta os mecanismos de adaptação às alterações às quais o corpo está exposto.


EXERCÍCIO NO CALOR
 O mecanismo de refrigeração do esfriamento evaporativo dissipa o calor metabólico durante o exercício, particularmente em um clima quente. Isso impõe uma demanda às reservas líquidas do corpo e, com freqüência, produz uma hipoidratação relativa. A transpiração excessiva acarreta uma perda de líquido mais séria em um nível plasmático reduzido. Isso causa insuficiência circulatória nos casos extremos e a temperatura central sobe até alcançar níveis letais.

Ajustes Circulatórios

 O corpo depara-se com duas demandas cardiovasculares competitivas ao exercitar-se em um quente:

1 - Os músculos necessitam do fornecimento de sangue arterial (oxigênio) para suportar o metabolismo energético.
2 - O sangue arterial deve ser desviado para a periferia a fim de transportar calor metabólico para que ocorra esfriamento na superfície da pele; esse sangue não pode fornecer seu oxigênio aos músculos ativos.

 O exercício submáximo produz débitos cardíacos semelhantes em ambientes quentes e frios. Entretanto, o volume sistólico do coração costuma ser mais baixo no calor, em proporção direta com o déficit de líquido criado no exercício.
 O volume sistólico reduzido está associado intimamente à redução no volume sangüíneo. Isso corresponde a freqüências cardíacas mais altas para todos os níveis submáximos de exercício no calor. Em contrapartida, o aumento compensatório reflexo na freqüência cardíaca no exercício máximo não consegue contrabalançar a redução no volume sistólico, o que acarreta uma queda no débito cardíaco máximo.

Perda de Água no Calor: Desidratação
 A desidratação refere-se à perda de água corporal de um estado hiperidratado para uma eu-hidratação ou da eu-hidratação descendo para a hipoidratação. Uma sessão moderada de exercício durante 1 hora em geral produz uma perda de suor de 0,5 a 1,01. Uma perda hídrica muito maior ocorre com várias horas de exercício árduo em um ambiente quente.
 O exercício realizado em ambientes térmicos menos desafiadores (exe.: esqui cross-country ou natação) ainda produz uma sudorese significativa. Para nadadores e mergulhadores, a emersão na água estimula a perda de líquido através de uma maior produção de urina. Uma perda de água que não é induzida pelo exercício ocorre também quando atletas de potência (lutadores, boxeadores, levantadores de peso e remadores) tentam agressivamente “ajustar o peso” através de uma redução ponderal rápida utilizando técnicas comuns de desidratação – exposição ao calor extremo por sauna, sala a vapor, turbilhão ou ducha de água quente, restrição de líquidos e de alimentos, uso de diuréticos e laxativos, e vômitos. Com freqüência, os atletas combinam essas técnicas na esperança de acelerar a perda de peso. O risco de enfermidade induzida pelo calor aumenta muito quando alguém começa a exercita-se em um estado desidratado.
 Os déficits hídricos (hipovolemia) nos compartimentos intracelular e extracelular, observados com a hipoidratação, podem alcançar rapidamente níveis que reduzem a capacidade corporal de dissipar o calor e fazem aumentar o ritmo de armazenamento de calor em virtude de reduções: (1) taxa de transpiração e (2) no fluxo sanguíneo cutâneo para determinada temperatura central.
A tolerância reduzida ao calor compromete profundamente a função cardiovascular e a capacidade de realizar exercícios, particularmente com exercício intenso em ambientes quentes. Já que o suor continua sendo hipotônico em relação a outros líquidos corporais, a hipovolemia devida à sudorese acarreta um aumento correspondente a osmolalidade.


MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO HÍDRICO

Reidratação


 A reposição dos líquidos terá de concentrar-se na manutenção do volume plasmático, para que a circulação e a transpiração possam progredir em níveis ótimos. O combate à hipoidratação pela ingestão de líquidos durante o exercício acelera o fluxo sanguíneo para a pele para que haja um esfriamento mais efetivo, independentemente de qualquer modificação no volume plasmático. A prevenção da desidratação e de suas conseqüências, especialmente a hipertermia, só é conseguida com um esquema adequado e estritamente observado de reposição hídrica.
 Com freqüência, costuma ser difícil atender a essa exigência, pois alguns técnicos e atletas acham que a ingestão de água prejudica o desempenho. Se lhes for dado o direito de escolher, a maioria dos indivíduos repõe voluntariamente somente cerca de metade da água perdida durante o exercício (< 500 ml/h).
 A boa hidratação constitui a defesa mais efetiva contra o estresse induzido pelo calor. O protocolo ideal para hidratação deverá equilibrar a perda com a ingestão de água e não a derramar água sobre a cabeça e o corpo. Um atleta bem hidratado funciona sempre num nível mais alto do que um outro que se exercita num nível desidratado.




Hiperidratação
 A ingestão de uma quantidade “extra” de água (hiperidratação) antes de exercitar-se no calor pode proporcionar uma pequena proteção termorreguladora. A hiperidratação retarda o surgimento da hipoidratação observadora com uma reposição de líquidos inadequada durante o exercício, aumenta a transpiração durante o exercício e acarreta uma elevação menor na temperatura central no estresse térmico mais refratário, no qual o esfriamento evaporativo é insuficiente para manter o equilíbrio térmico. A hiperidratação aguda antes do exercício resulta efetivamente do consumo: (1) de pelo menos 500 ml de água antes de dormir na noite que precede o exercício no calor, (2) de outros 500 ml ao acordar e (3) de mais de 400 a 600 ml de água fria 20 minutos antes do exercício.
 A hiperidratação pré-exercício não elimina a necessidade de reposição hídrica continua durante o exercício. Na maioria dos casos, os benefícios da hiperidratação desaparecem se o individuo continua euridratado durante o exercício. Entretanto, nas atividades como corrida de longa distância, a equivalência entre perda de liquido e ingestão de liquido torna-se virtualmente impossível, pois somente 800va 1.000 ml de liquido são esvaziados (eliminados) pelo estômago a cada hora. Esse ritmo de esvaziamento gástrico não mantem paralelismo com uma perda de 2.000 ml por hora. Nessas condições, a hiperidratação pré-exercício pode revelar-se benéfica.

Reposição de Eletrólitos
 Já que o suor é hipotônico em relação aos líquidos corporais. A reposição da água constitui a preocupação imediata durante o exercício, e não o restabelecimento dos minerais. Para uma perda de liquido inferior a 2,7 Kg em adultos, o acréscimo de uma pequena quantidade de sal ao alimento consegue repor prontamente o sódio perdido no suor.
 O acréscimo de sódio e cloreto de potássio na água de beber proporcionava pouco benefício a homens e mulheres cuja perda de suor acarretava uma desidratação de 3% do peso(massa) corporal em 5 dias sucessivos mas que recebiam alimento e água ad libitun (à vontade) durante cada período diário de recuperação. Durante o exercício prolongado, o mecanismo renal responsável pela conservação do sódio em geral equilibra as suas perdas.


Cãibras Induzidas pelo Calor
 As cãibras induzidas pelo calor (espasmos musculares involuntários) ocorrem durante ou após uma atividade física intensa, habitualmente nos músculos específicos exercitados. Com freqüência, a temperatura central se mantém na variação normal.
 Um desequilíbrio no nível dos líquidos corporais e nas concentrações eletrolíticas produz essa forma de enfermidade induzida pelo calor. A transpiração também acarreta perda de eletrólitos durante a exposição prolongada ao calor. Se esses minerais não forem repostos, podem ocorrer dores e espasmos musculares, mais comumente no abdome e nas extremidades. A ingestão de grandes quantidades de água e o aumento na ingestão diária de sal vários dias antes do estresse térmico em geral previnem essa enfermidade relacionada ao calor.

Vestimenta para Clima Quente
 A vestimenta seca, por mais leve que seja, retarda a permuta de calor muito mais que a mesma vestimenta plenamente úmida. Recorrer sistematicamente a um novo uniforme seco de tênis, de basquete ou de futebol americano (sempre que estiver molhado) faz pouco sentido em um clima quente para conseguir a regulação da temperatura. A perda de calor por evaporação ocorre somente quando a roupa fica totalmente molhada. Um uniforme seco serve simplesmente para prolongar o período de tempo entre a transpiração e o esfriamento evaporativo.
 Materiais diferentes absorvem água em ritmos diferentes. As roupas de algodão e de linho absorvem prontamente a umidade. Em contrapartida, as “blusas para suar” pesadas e as roupas de borracha ou de plástico produzem uma alta umidade relativa próximo da pele, retardando a vaporização da umidade existente em sua superfície; isso reduz acentuadamente ou até previne o esfriamento evaporativo.
 A vestimenta para um clima quente deve ser folgada para permitir a circulação livre do ar entre a pele e o meio ambiente de forma a promover a convecção e a evaporação a partir da pele. A cor também exerce alguma influencia; as cores escuras absorvem os raios luminosos e promovem os ganhos de calor radiante, enquanto as roupas de cores claras refletem os raios de calor.

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